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INFÂNCIA E PRÁTICAS CORPORAIS

Esse encontro se iniciou com o professor explicando como seria a organização das atividades. Em seguida, contextualizou o texto base para aula, apresentando o autor, Miguel Arroyo, e conceito de corpos precarizados.

 

Para problematizar o tema, foi apresentado um vídeo "Vidas no lixo”, no qual foram expostas práticas corporais com as quais nos deparamos todos os dias, mas tornam-se invisíveis.  Crianças sobrevivem de colher restos de lixo para  comer e  muitas vezes esta é a única refeição que fazem, ficando explícita a desigualdade social cada dia mais latente na sociedade.

​Na sequência, foi proposta uma discussão em grupos, na sala ou fora dela, este grupo optou por usar o espaço do saguão, com um tempo pré determinado pelo professor. A discussão se pautou no texto proposto para a aula, do Arroyo, no vídeo apresentado e em nossas experiências. Para organizar a discussão, foram sugeridas algumas questões, que serão apresentadas a seguir. Durante esse processo, a questão que se fez mais presente em nossa conversa foi acerca das razões que levariam o indivíduo a violentar - mesmo que sem reflexão - seu corpo, até que ponto as escolhas supostamente individuais, como alisar o cabelo, por exemplo, tem influência de padrões de beleza impostos na sociedade. Segue o registro dos tópicos discutidos:

1. Identifiquem situações escolares que violentam os corpos precarizados

Algumas situações ocorrem antes mesmo de chegar à escola, como fazer penteados "adequados" à situação, ajustar postura corporal/ comportamento de acordo com o gênero, assim como a escolha do vestuário de acordo com o gênero.

Já na escola, o controle constante do corpo, tal como o longo período em que deve-se ficar na mesma posição e para levantar-se ter de pedir autorização. O controle minucioso dos horários também restringe os corpos a atividades específicas para cada momento. Outra situação é a precarização das aulas de Educação Física, no que se refere a um currículo restrito aos esportes. E ainda, há a prática de formar fila, e em alguns casos divididas por gênero.

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2. Identifiquem situações escolares que reconhecem e dignificam os corpos precarizados

Situações que reconheçam e valorizem a identidade e a cultura dos educandos, ampliando seu repertório cultural, considerando práticas culturais presentes no cotidiano dos alunos por meio do currículo, principalmente. Assim como, desconstruindo a distinção de gênero por meio de posturas e atividades que promovam a equidade.

3. Quando a cultura corporal corrobora a violência sobre os corpos?

Quando reproduz práticas corporais violentas, por exemplo, quando obriga mudanças no corpo em função da integração a um grupo ou quando dificulta a participação em determinadas práticas em função de características específicas dos corpos que destoam do padrão.

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4. Como o ensino das práticas corporais pode reconhecer e dignificar os corpos precarizados?

Com a promoção de práticas corporais diversas, que valorizem e ressignifiquem a cultura dos educandos, bem como suas identidades, de modo que aprofundem e ampliem suas práticas.

Após a discussão, cada grupo apresentou um resumo do que foi discutido, promovendo uma discussão mais ampla, na qual toda a turma pôde participar. 

E constatamos que quanto mais afastados da cultura escolar, mais precarizados são os corpos; que na escola, a criança sai da invisibilidade em que vivia no lar e passa a ser o foco, e isso pode ocorrer de forma violenta; que o corpo precarizado do professor também interfere no processo de ensino e aprendizagem; que apesar de todo esforço para dignificar os corpos, as políticas de avaliação externa, e mesmo as internas, tornam todos os corpos homogêneos; e por fim, além de reconhecer o repertório cultural dos educandos, é preciso mobilizá-lo e considerar o processo de ressignificação de um contexto a outro.

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